A Educação foi a pasta mais afetada, com bloqueio de R$ 3 bilhões, ou 28,6% do novo contingenciamento realizado pelo governo, conforme dados levantados pela IFI. Novo corte de R$ 328,5 milhões agrava situação financeira das universidades e institutos federais
Às vésperas do primeiro turno das eleições, o Governo Federal publicou uma norma definindo novo contingenciamento no orçamento do Ministério da Educação. Dessa vez, no percentual de 5,8%, resultando em uma redução na possibilidade de empenhar despesas das universidades no valor de R$ 328,5 milhões para as universidades e de R$ 147 milhões para os colégios federais. As unidades de educação básica federais perderam mais de R$ 300 milhões.
O decreto de reprogramação orçamentária, publicado no último dia 30 no Diário Oficial da União (DOU), prevê um corte de R$ 10,5 bilhões de despesas do Executivo. A Educação foi a pasta mais afetada, com bloqueio de R$ 3 bilhões, ou 28,6% do novo contingenciamento realizado pelo governo, conforme dados levantados pela Instituição Fiscal Independente (IFI), nesta quarta-feira (5/10).
Considerando a já preocupante situação financeira vivenciada pelas universidades federais, agravada pela edição de novo decreto (11.216, que altera o Decreto nº 10.961, de 11/02/2022, que se refere à execução do orçamento deste ano em curso), a diretoria da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) promoverá neta quinta-feira (6/10) uma reunião extraordinária de seu conselho pleno, em modalidade remota, para discutir o contexto e debater as ações e providências.
Na tarde da última terça-feira (4), dirigentes da Andifes foram convocados pelo secretário da Educação Superior, Wagner Vilas Boas de Souza, para reunião, juntamente com o secretário adjunto da Secretaria de Educação Superior (SESu), Eduardo Salgado, e, na manhã dessa quarta-feira, a diretoria executiva da Andifes e sua secretaria executiva foram informados sobre o novo corte.
O presidente da Andifes e reitor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Ricardo Marcelo Fonseca, considera o novo corte “dramático, decepcionante, inadmissível e inusitado”. Ele adiantou que na reunião prevista para esta quinta-feira será avaliada possibilidade de ação na Justiça e também de mobilização e articulações políticas. “Veremos quais agentes políticos poderão interfere a nosso favor, uma vez que se trata de uma decisão do centro do poder. Dada a gravidade da situação orçamentária, de forte drama, definiremos as providências a serem adotadas”, disse.
Fonseca lembrou que a situação das instituições federais já estava no limite e que os novos cortes “farão com que nenhuma delas se salve”. “Ninguém ficará livre do drama. Coisas básicas ficarão comprometidas, como despesas com terceirizados e bolsas”, afirma, lembrando que o montante bloqueado já havia sido liberado e empenhado. “Ficamos perplexos ao ver a educação ser tratada dessa maneira, com essa absoluta falta de priorização.”
Consequências
Para o Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif), os cortes afetarão diretamente os recursos da assistência estudantil, afetando, sobremaneira, os estudantes de baixa renda.