Programas e trabalhos de bolsistas da CAPES jogam luz sobre a discriminação e buscam saídas para combater o preconceito
O investimento na formação e na ciência é um dos caminhos para se entender e ajudar a combater o racismo. Os Programas e os trabalhos dos bolsistas da CAPES mostram, neste Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial, 21 de março, como a pesquisa pode – e deve – ser uma aliada no enfrentamento ao preconceito.
Uma das ações mais recentes da CAPES foi a seleção de projetos que receberão bolsas no âmbito do edital denominado Alteridade na Pós-Graduação. Com ele a Fundação vai promover a investigação acadêmico-científica centrada no reconhecimento e no respeito às diferenças, bem como na capacidade de se colocar no lugar do outro.
Dos 13 projetos selecionados, dois têm como objeto de estudo a questão racial. O primeiro, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), aborda as políticas de permanência e temas de interesse de pessoas negras, indígenas e refugiados que estudam Ciências Sociais nas regiões Sul, Centro-Oeste e Norte. O segundo, proposto pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), vai estudar a presença de pessoas negras nos programas de pós-graduação.
Pesquisas dos bolsistas da CAPES também trazem relevantes contribuições para enfrentamento à discriminação racial. É o caso da tese de doutorado de Thaís de Jesus Ferreira, do curso de Educação da Universidade Federal da Bahia (UFBA). O trabalho analisou a perspectiva de Paulo Freire para compreender a cultura dos povos quilombolas do Brasil. “Eles entendem a escola como o espaço de desconstrução das lógicas colonizadoras e de valorização de saberes produzidos no interior das comunidades. Reconhecem que combater o racismo e as desigualdades sociais é tarefa de todos, não exclusiva da escola. Por isso, ensinar para eles, é um ato político, é um modo de existência e resistência”, ressalta.
Já Flávio Souza Santos, bolsista da CAPES no mestrado em Direito na Universidade de Brasília (UnB), constatou a desigualdade racial no acesso à vacina contra a COVID-19: “No trabalho, busco também identificar quais políticas públicas têm sido úteis para combater o racismo e as desigualdades socioeconômicas que afetam, sobretudo, a população negra.”
Para Mercedes Bustamante, presidente da CAPES, o atual momento de retomada dos investimentos em educação, ciência e tecnologia no País também deve ser aproveitado para o apoio e o estímulo à inserção de grupos sub-representados em todas as carreiras, bem como para sua progressão a posições de liderança. “É muito importante que a sociedade, as agências e as universidades se mobilizem para favorecer a ascensão destes segmentos, que representam a maioria da população, mas que estão sub-representados nos espaços decisórios”, reforça.