Cada dispositivo pode atender até 30 pessoas por dia em áreas afetadas
Alunos de mestrado do Departamento de Artes & Design da PUC-Rio estão inovando ao produzir dispositivos que facilitam a filtragem de água para a população afetada pelas chuvas no Rio Grande do Sul. Os adaptadores, fabricados em impressoras 3D no Biodesignlab DASA/PUC-Rio e por voluntários em todo país, têm o papel de facilitar o acesso à água potável para os desabrigados. O projeto está disponível a todos que tenham acesso aos equipamentos 3D. No campus da Universidade, já há um ponto de coleta no Departamento de Artes & Design para receber os adaptadores doados pela comunidade e, que depois, irão para o Sul.
Elaborado por pesquisadores do DI BR (grupo de profissionais independente), incluindo o aluno de mestrado Raphael Bastos, o projeto surge como resposta aos desafios enfrentados pela população do Sul. Bastos trouxe a proposta aos colegas de pós-graduação, que desenvolveram dezenas de protótipos a serem enviados para a região atingida.
Os adaptadores serão distribuídos em kits contendo um saco resistente, que pode servir como recipiente para a filtragem de água, uma vela de filtro de barro e um manual de instruções desenvolvido pela equipe. O prof. João Azevedo, do Biodesignlab DASA/PUC-Rio, destaca a importância da iniciativa: “A discussão era sobre como o design poderia gerar soluções para os desafios enfrentados no Rio Grande do Sul. A partir disso, buscamos alinhar nosso conhecimento e pesquisa para alcançar um público mais amplo por meio de tecnologias inovadoras. Trata-se de um formato de ‘fabricação distribuída’, que é algo que a gente estuda muito no laboratório. A ideia é fazer com que um pesquisador consiga enviar um projeto de um estado para o outro. Assim, a produção do protótipo será incentivada e distribuída em maior quantidade”, afirma.
Os pesquisadores enfatizam a importância da rede solidária e colaborativa, em que o Biodesignlab DASA/PUC-Rio é um dos centro de produção de adaptadores: “A disponibilização do adaptador não elimina a necessidade de doação de garrafas d’água. Dado o contexto de catástrofe, é importante encontrarmos soluções mais simples e acessíveis para apoiar aqueles que foram atingidos. Temos atualmente uma grande comunidade de designers com impressoras 3D e entendemos que esses profissionais também podem contribuir. O que foi desenvolvido na PUC-Rio é uma maneira de permitir que mais pessoas colaborem”, reforça o pesquisador Raphael Bastos.
Um dos desafios logísticos é o recebimento e envio dos adaptadores. Para o mestrando Marcelo Viana foi essencial realizar um mapeamento nacional em diferentes regiões e coordenar as coletas, tanto dos adaptadores quanto dos filtros, que também são necessários: “Conseguir conectar as diferentes regiões e as coletas, seja dos adaptadores ou dos filtros – um item para o qual também precisamos de doações – e garantir que esses equipamentos cheguem aos nossos pontos de distribuição é essencial. Enviamos para nossos centros de distribuição no Rio Grande do Sul, para que os filtros possam chegar à população”, destaca.
Os dispositivos pesam entre 50 e 70 gramas cada, e o kit completo pesa em torno de 400 gramas, facilitando o transporte. Cada adaptador pode beneficiar até 30 pessoas durante cerca de dez dias, proporcionando acesso à água potável. O projeto é aberto, e qualquer pessoa com uma impressora 3D pode reproduzir os adaptadores e doá-los no ponto de doação mais próximo. Até o momento, cerca de mil adaptadores já foram confeccionados e 200 kits enviados ao Rio Grande do Sul.
Fonte: Jornal da PUC
Imagem de Capa: Biodesignlab DASA/PUC-Rio