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Assim que a ômicron foi classificada como uma variante de preocupação no dia 26 de novembro, o interesse pelo tema disparou na internet.
De acordo com um levantamento feito pelo Google, obtido com exclusividade pela BBC News Brasil, “ômicron” foi o termo que teve o maior crescimento no site de buscas e ficou entre os 40 mais pesquisados no país durante a última semana.
Descoberta na África do Sul, a nova variante já foi detectada em outros 18 países (incluindo o Brasil) e chama a atenção pela quantidade e pela variedade de mutações genéticas.
Por ora, ainda não se sabe ao certo o quanto a ômicron é mais transmissível ou se consegue escapar da imunidade obtida com as vacinas ou com infecção prévia.
Os estudos que buscam entender esses aspectos estão em andamento e os primeiros resultados devem ser divulgados ainda em dezembro.
Confira a seguir as dúvidas mais procuradas na internet e as respostas para elas, de acordo com os especialistas.
Quando as primeiras variantes do coronavírus começaram a aparecer, os cientistas logo adotaram um sistema para classificá-las.
Desse modo, o Sars-CoV-2 identificado pela primeira vez em Wuhan, na China, se tornou a linhagem A.
A partir daí, conforme eram descritas novas mutações no vírus, elas eram divididas por esse código. Assim, surgiu a variante A.1, a A.2, a B.1.1, a C.30.1 e assim por diante.
Só que chegou um momento em que esse sistema virou uma verdadeira sopa de letras (e números) que causava uma tremenda confusão em quem não é especialista da área.
Esse foi um dos fatores que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a criar um novo critério a partir de maio de 2021: as variantes de preocupação (conhecidas pela sigla em inglês VOC) e as variantes de interesse (VOI) passaram a ser nomeadas de acordo com o alfabeto grego.
Como o próprio nome já indica, as VOC e as VOI são as linhagens que trazem mutações importantes, que podem tornar o vírus mais transmissível ou agressivo, por exemplo.
Foi assim que a B.1.1.7, descoberta no Reino Unido, virou a alfa, a B.1.351 (África do Sul) se transformou em beta, a P.1 (Brasil) em gama, a B.1.617.2 (Índia) em delta e a B.1.1.529 (África do Sul) em ômicron.
Essas, aliás, são as cinco VOCs que surgiram até agora.
Além da praticidade, há um segundo motivo que levou a OMS a sugerir o alfabeto grego. A ideia foi evitar preconceitos e comentários xenófobos, que relacionavam a variante com o seu local de origem.
2. Por que o nome ômicron?
A escolha do nome ômicron para a B.1.529 pegou a comunidade científica de surpresa.
Isso porque a última variante a ser nomeada com um caractere grego foi a VOI B.1.621, detectada na Colômbia em janeiro de 2021. Ela é conhecida como Mu, que é a 12ª letra do alfabeto grego.
Pensava-se, portanto, que o nome que seria dado para a próxima VOI ou VOC seria a 13ª letra, que é a Nu (lê-se “Ni” em português).
Mas a OMS resolveu pular as duas letras vagas e partir direto para a 15ª: ômicron.
O virologista Fernando Spilki, da Universidade Feevale, no Rio Grande do Sul, explica que essa decisão tem a ver com o som dessas letras em algumas línguas.
“Eu conheço pessoas que participaram das reuniões para escolher esse nome e um motivo pelo qual o Nu foi descartado é que, em inglês, sua pronúncia fica muito parecida com o som de new [‘novo’ em português]. Isso poderia confundir as pessoas que, ao ouvirem a palavra, não saberiam se era uma outra variante nova [new, em inglês] ou a variante Nu”, detalha o especialista, que também coordena a Rede Corona-Ômica, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
“A próxima letra do alfabeto grego seria a Csi. Nesse caso, o fonema fica muito parecido ao de alguns sobrenomes comuns na China, como Xi. Daí os representantes da OMS acharam melhor descartá-la também para evitar mal-entendidos”, completa.
Se não acontecerem mais “pulos” no alfabeto, as próximas variantes serão nomeadas de Pi, Rô, Sigma, Tau, Upsilon, Fi, Qui, Psi e Ômega.
“Essa nova variante traz um número enorme de mutações, algo sem precedentes”, explica o virologista Flávio da Fonseca, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
“Algumas dessas alterações genéticas nós já conhecíamos, pois elas também apareceram nas variantes anteriores e estão relacionadas com o maior potencial de disseminação do vírus, que fica mais infeccioso e se transmite com mais rapidez”, diz o especialista, que também é presidente da Sociedade Brasileira de Virologia.
A nova variante da covid-19: ômicron
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Outra observação importante é a aparente capacidade da ômicron de se tornar dominante: na África do Sul, ela virou a variante mais frequente nos últimos dias, superando inclusive a delta, que também está entre as VOCs.
Os especialistas esperam, portanto, que a taxa de transmissão dessa versão do coronavírus recém-descoberta seja bem alta.
Mas existe uma porção de coisas que continuam incertas, como o quanto a ômicron consegue escapar da imunidade obtida após a vacinação ou um quadro prévio de covid.
“Os estudos estão em andamento para medir o real impacto dessa variante em diferentes cenários”, informa Spilki.
A tendência é que se conheça melhor esses detalhes ao longo das próximas semanas.
Um gráfico divulgado pelas autoridades da África do Sul mostra as variantes de coronavírus mais dominantes no país ao longo da pandemia. Após ‘domínio da delta’ (mancha vermelha), ômicron (mancha azul) está rapidamente ganhando terreno
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Como se sabe, ele é transmitido por meio de gotículas ou aerossóis de saliva que saem da boca ou do nariz de alguém infectado.
Na maioria das vezes, a doença é leve e o paciente se recupera depois de algum tempo. Mas muitos acometidos desenvolvem incômodos mais fortes e precisam ser internados, intubados e correm mais risco de morrer.
“E vale destacar aqui que os métodos de prevenção seguem os mesmos com a ômicron: uso de máscara, distanciamento físico e vacinação continuam a ser essenciais”, esclarece Fonseca.
A médica Angelique Coetzee diz que esses indivíduos apresentam com mais frequência queixas como cansaço, dores musculares, “coceira” na garganta, febre baixa e tosse seca.
Em entrevista à BBC News, ela também afirmou que as pessoas acometidas desenvolveram, até agora, incômodos mais leves.
“Tudo começou com um paciente com sintomas leves. Ele dizia estar com um cansaço extremo nos dois últimos dias e tinha dores no corpo e um pouco de dor de cabeça. Nem sequer uma dor de garganta, mas algo como uma garganta arranhando. Sem tosse, nem perda de olfato ou paladar”, conta.
“Porque era muito incomum para esse paciente em específico ter esse tipo de sintomas, eu decidi testar. Fizemos um teste rápido, e deu positivo”, disse a médica, que então testou toda a família do paciente, com resultados positivos para o coronavírus, todos com sintomas leves.
Nos últimos dias, algumas cidades e Estados resolveram voltar atrás nos planos de liberar o uso de máscaras em locais abertos. Uma das principais justificativas para a decisão é a variante ômicron
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“As informações que vêm da África do Sul sobre a menor gravidade nos trazem um sinal de esperança, mas isso ainda precisa ser observado e estudado mais a fundo”, pondera Fonseca.
“Ainda necessitamos entender como a ômicron vai se comportar em diferentes faixas etárias e grupos”, concorda Spilki.
Até 2 de dezembro, 18 países já detectaram a ômicron em seus territórios. O local com mais infecções causadas pela variante é a África do Sul, com 127 casos confirmados.
Na sequência, aparecem Botsuana (19 casos), Portugal (13), Holanda (12), Reino Unido (8), Hong Kong (5), Brasil (5), Alemanha (4), Áustria (4), Itália (4) e Canadá (2).
Suécia, Espanha, Israel, Bélgica, República Tcheca e Ilha da Reunião possuem um caso cada.
Fonte: UOL Saúde