Foram discutidas influências das características dos estudantes e das modalidades de ensino nos resultados, e o processo de elaboração de itens de cada área
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) realizou, no dia 31 outubro, o seminário de apresentação de análises dos resultados do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) 2022. O evento contou com um painel de análises de pesquisadores e mesas de debate, que abordaram importantes assuntos, entre eles: análises dos resultados do Enade 2022; provas e resultados por área de avaliação – bacharelados em direito, administração, psicologia e serviço social; e provas e resultados dos cursos superiores de tecnologia – gestão pública, gastronomia e design de interiores.
Com base nos dados do Enade 2022, o painel abordou a influência de diferentes características socioeconômicas dos estudantes nos resultados e realizou uma análise comparativa de desempenho entre as modalidades presencial e ensino a distância (EaD). O instrumento foi apresentado pelos professores Hélio Bittencourt, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS); Júlio Bertolin, da Universidade de Passo Fundo (UPF); e Renato Pedrosa, da Universidade de São Paulo (USP), além de contar com a mediação da Coordenadora-Geral de Gestão de Exames e Indicadores da Educação Superior, Suzi Vargas.
De acordo com o levantamento, no Enade 2022, as médias das notas no componente específico dos estudantes da modalidade presencial são significativamente maiores do que as médias dos estudantes da modalidade EaD em quase todas as comparações.
Em um dos estudos, constatou-se que estudantes de capital cultural elevado, concluintes de cursos na modalidade EaD tendem a ter resultados de desempenho no Enade equivalentes ou menores que estudantes de capital cultural baixo, concluintes de cursos presenciais.
O painel apresentou também uma análise dos desempenhos do Enade controlados pelos desempenhos dos estudantes no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A média das notas do Enem dos estudantes de um curso prevê, de forma substantiva, a variabilidade das médias das notas desse curso no Enade. Como os estudantes de cursos EaD tendem a ter características socioeconômicas e médias no Enem mais baixas que os estudantes de cursos presenciais, esse achado atenua o efeito da modalidade de ensino nas diferenças de resultados no Enade.
Mesa temática – As mesas específicas por área de ensino trataram do processo de elaboração das provas, de itens e dos resultados por área de avaliação. O Coordenador-Geral de Elaboração de Exames da Educação Superior (CGEES) do Inep, Patricio Pereira Marinho, explicou o fluxo de elaboração de uma prova do Enade e a importância das comissões de assessoramento. “O processo começa pela formação das Comissões Assessoras de Áreas. Com base nelas, fazemos as oficinas de elaboração de itens, que depois passam pela revisão, adaptação e assim chegam para todos os públicos, na aplicação do Enade”, destacou Marinho.
Entre as atribuições dos membros das comissões estão:
– Elaboração das diretrizes e das matrizes de prova para a avaliação dos cursos;
– Apresentação de propostas necessárias ao processo de avaliação dos cursos de graduação;
– Revisão e a seleção de itens elaborados para o Banco Nacional de Itens (BNI) a fim de compor as provas do Enade.
As áreas avaliadas foram representadas pelos professores membros das Comissões Assessoras de direito Arnaldo Vieira Sousa (UNDB); de administração Bernardo Fajardo (FGV); de psicologia Maria Luzia Pantoja Aquime Lourenço (Unama); e de serviço social Maria Francenilda Gualberto de Oliveira (Uninorte).
As áreas de cursos superiores de tecnologia de gestão pública, gastronomia e design de interiores foram representadas pelos docentes Flávia Zebulum (Unesa); Soraya Kobarg Oliveira (IFSC); e Isis Meireles Rodrigues Sampaio (Uninovafapi), respectivamente. Durante o seminário, o representante de cada área explicou o processo de elaboração do teste e realizou uma análise pedagógica da prova, apresentou o balanço do número de participantes e fez a avaliação dos itens.
As mesas temáticas contaram com debatedores do Inep, do Conselho Nacional de Educação (CNE), da Secretaria de Regulação e Avaliação da Educação Superior (Seres) e da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec) do MEC.
“É fundamental o contato com a comunidade acadêmica. Este evento demonstra o esforço coletivo na discussão para melhorias no ensino superior”, afirmou o diretor de Avaliação da Educação Superior (Daes) do Inep, Ulysses Teixeira, que, na oportunidade, ressaltou também que todos os estudos de aperfeiçoamento serão dialogados e contarão com a colaboração de docentes e pesquisadores de todo o país.